terça-feira, 25 de outubro de 2011

Terça Feira, 25 de Outubro de 2011.

Eu acordo de um sonho totalmente surpreendente, e isso porque eu realmente passei em cada detalhe pra ver se tinha algo que não me deixasse perplexamente pasmo, afinal nenhum sonho meu tinha ficado tão naturalmente na memória quando eu acordei por, no mínimo, um bom tempo. Eu passo menos tempo que o normal respirando na cama pra acordar melhor, e ainda menos tempo no já-incrívelmente-curto exercício de Chi Kung matinal.
Eu chego inesperadamente às 6h45 na cozinha para tomar café (horário madrugal em comparação aos ultimos dias desta, embora hoje seja terça, e todos os outros da semana passada) e claro, encontrar o suco de laranja que o meu pai faz pra melhorar o dia dele, e de todo mundo da casa, além é claro* do meu belo café da manhã que minha mãe tem a paciência de me fazer quase-todo-santo dia, mesmo depois de eu ter feito 20 anos.
Até aí, ótimo, quando a ilusão de que eu ia chegar cedo na faculdade ainda estava de pé, porque, mais uma vez claramente, não é porque eu acordo mais cedo, levanto mais cedo, e tomo café da manhã que o meu pai não vai ficar conversando comigo até eu falar que tenho que sair por causa do meu horário.

Mas não é só por causa disso.

Hoje eu tive uma sensação. Uma sensação de quando você, tendo tido o grande perigo de perder o que você guarda com a maior força, intenção de segurança, e determinação enraivecida e cega, beirando às ações clara e imediatamente suicidas (porque as plenamente prejudiciais já estavam ativas há um bom tempo) por tempo o suficiente, começa instintivamente a parar de se machucar e começar a sentir um pouco de liberdade, um pouco de juntas não despedaçando-se, um pouquinho de sanidade lúcida e plena, e um pouquinho de todas as toneladas que tem em você se soltando.

Hoje eu senti que eu fiquei me degladiando com um milhão de questões, e que é como se eu tivesse em um pesadelo por um bom, bom tempo. Um bom tempo em que não havia de fato nada de bom, além dos sonhos que eu continuei perseguindo, na forma de promessas de um futuro que com tantos medos e só uma recompensa me mantinha num presente absurdos atormentado, mas ainda assim, sonhador de alguma maneira.

Hoje eu senti que eu posso ser eu mesmo, e que as mil e uma oceanias e galáxias inteiras de engessamentos e compromissos irreparáveis, e irreversíveis deram uma gostosa e divina, abençoante, prazerosa, descolada. Com aquele estalido surdo e altíssimo, que te faz lembrar bem do que te acabou de acontecer.

Hoje eu senti mais uma vez, desde não-faço-a-menor-idéia-de-quanto-tempo-no-momento, que nunca, mas NUNCA, é tarde demais, e que sempre pode-se voltar atrás dentro de si mesmo, e consertar o que está quebrado dentro de si, olhar bem suas memórias e pensamentos, sentir o que você realmente sente em relação ao que quer que seja, continuar vivendo sem um emaranhado absurdo bloqueando a sua passagem de ar, comida, e circulação sanguínea intra-psíquica. (isto não é um termo técnico, a propósito)

Sério, fazia tempo que eu não me sentia bem comigo mesmo com isso. Foi um momento de iluminação bela e totalmente plena. E eu agradeço por vivenciar isto do mais profundo agradecer que meu coração consegue dizer através da minha garganta.

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