terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A lembrança de um dia sem espantos

Olá. Poderia me contar onde fica o cemitério mais próximo?
Poderia me dizer quantas léguas vou andar até chegar no mercado dessa cidade que fica no outro lado do mundo?

Aqui, tome um pouco de pão, vamos caminhar
Eu sobre a água, e você sobre a orla deste parque.

Pode me contar como é pra você morar nesta cidade?
Vamos nos divertir, eu posso te trazer uma descontração boa para o dia-a-dia
Você, nas luzes de neon, e eu com as estrelas cobertas pelas nuvens negras da cidade.

Quando eu descer, estarei com o mesmo brilho delas,
E você? Vamos tomar sol?


Venha, tome esta taça, vamos beber em saudação a nós mesmos
Eu, o escuro do céu, e você, o vinho das uvas.

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Com licença, me desculpe mas não estou entendendo você
Por que você caiu no lago? Suas roupas estão todas molhadas agora.

Você está bem? Você parece diferente
O que você tenta alcançar com suas mãos neste telhado tão tarde da noite?

O que você está fazendo? Você está bem?
Não se desce de um arranha-céu como uma estrela cadente.

Por favor conte-me, algo lhe acometeu?
Sua boca está aberta para o céu, você gosta do gosto de ar na sua língua?

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Olá. Poderia me contar onde fica o cemitério mais próximo?
Não posso respirar, e meu coração não bate.
Minha silhueta se perdeu, e meu perfil não mais encontro
Pode me contar onde fica o cemitério desta cidade?
Lá descansam pessoas com as quais tenho uma promessa a cumprir.

O espanto de um dia sem lembranças

Um coração que não bate, um rosto que não guarda uma alma em seu semblante, um horizonte em seu perfil.
Um corpo que não respira trazendo uma silhueta que não tem contorno entre si e seu fundo.
De onde vem a caridade e a gentileza de algo que não faz parte deste mundo?
Por que algo que recusa todas as semelhanças com nossa vida e nossa terra faz com leveza o que nos arrastamos para sonhar, quem dirá um dia tornar real através de ações?

Quem é você? Por que você existe?

Por que você pode existir no mesmo mundo que eu?

Se você não é nada, por que de você sai algo?

Se eu parar de respirar, e se meu coração parar
Se eu perder o que eu sou e minha silhueta se cortar e desmanchar,
Se meu perfil se dissolver nesse mistério,
Eu serei como você?

...De onde você veio? E por que você existe?