Pra sempre que eu me dava calado, pras vezes que me fazia falado,
Dizia com o quê, de que não tem dor, no silêncio do amado,
Dizia pra você, que tua presença me quietava a lingua, deixava o pó das cabeceiras
Contar pouco a pouco, o quão de tanto tempo que me deixava de tanto amor lavado
Eu falava pra você, quando aos prantos você caía, que tava pra ficar tudo solucionado
Mas nos seus soluços, depois de tantos alvoroços que o pó e a poeira me levantaram
E hoje eu vejo que aquele meu silêncio te matava, junto com todo esse meu couro rasgado
E eu já caio em grito agudo de quebranto, de tanto calar como você fez clamar,
de um amor que não vem de quem não faz em si mesmo, mas que pede tanto, tanto
De um amor que você não quer que o tempo leve, que o fim de tarde desbote, que o raiar da noite abotoe
Mas de um amor que quer ouvir, se livrar desse atrito forçoso
Sem som, sem dom, sem par de asas que sobrevoe
De um amor soluçado e doloroso
De um silêncio ruidoso, de um coro atrasado
De um oblívio sulfuroso, de um borbulhar já naufragado
De um silêncio ruidoso, de um choro engasgado,
De um silêncio ruidoso, de um choro engasgado.
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